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quinta-feira, 5 de novembro de 2015

A tolerância e o amor como bases dos relacionamentos

Enriqueta e Juirlyson são casados há 20 anos. Os dois nunca se separaram, apesar de já haverem tido, ao longo da vida conjugal, vários desentendimentos. Falando sobre algum segredo para conseguir um casamento estável, o casal afirma que a tolerância é a chave para o sucesso da relação deles. Tanto Enriqueta quanto Juirlyson afirmam que costumam conversar sobre as falhas de ambos e exercitam a tolerância, como chave para permanecerem unidos. Enriqueta fala que existem dois tipos de defeitos: os imutáveis e os mutáveis. O primeiro grupo é trabalhado pelo casal através da capacidade de um suportar o outro; e o segundo recebe do amor uma grande contribuição para que haja modificação em prol do bem-estar do outro. Assim, dizem eles, a vida conjugal tem se estendido por longos 20 anos. 

Não seria uma tarefa fácil, tentar dissociar amor e tolerância, já que um estimula o outro. Mas, é bom discutir que, sem a última, o primeiro poderá não subsistir. E tem sido por não entender este vínculo, que muitos relacionamentos naufragam e desmoronam. É utopia acreditar que apenas o amor sustentará um relacionamento, pois este, para se fortalecer, necessita de cuidados especiais, dentre os quais, a tolerância assume um papel prioritário.

Tomando por base a classificação dos defeitos em dois grupos, feita pelo casal acima, deve-se atentar para cada um separadamente. As falhas imutáveis devem ser entendidas como aquelas que não serão modificadas, mesmo que se peça, que se discuta ou que sejam tratadas em qualquer reunião familiar. A título de exemplo, pode-se citar um defeito físico, um tique nervoso "crônico", uma falha na entonação da voz, a cor da pele, o ronco durante o sono, etc. 

Sobre tais "defeitos" não existe qualquer coisa que seja feita para aniquilá-los. Então a tolerância entra como uma aliada imprescindível, para torná-los sem efeitos. Quem não for capaz de tolerar os defeitos, não poderá desfrutar das qualidades, pois os que falham, também, possuem virtudes. 

Já sobre os defeitos mutáveis, um acordo feito pelo casal auxiliará o processo de mudança. Mas, se não houver tolerância para esperar, para suportar as recaídas e para tentar novamente, quantas vezes forem necessárias, tal alteração comportamental poderá nunca ocorrer. 

Os defeitos mutáveis estão entre aqueles atribuídos ao comportamento, como: hábito de beber álcool, deixar a toalha molhada em cima da cama, arrotar sobre a mesa, gritar, etc. Para conseguir êxito na tentativa de mudança desse comportamento, um precisa de muito amor e o outro de bastante tolerância. 

Um erro comum, entre muitos casais, é não conversar sobre as falhas no período de namoro. Isto deve acontecer, para que se faça uma avaliação sobre a disposição de mudar o que for possível e tolerar o que não poderá sofrer mudança. 

Imagine um rapaz que tem um ronco crônico que nunca conseguiu tratar, mesmo tendo procurado os melhores especialistas. Ele decide esconder tal "defeito" de sua namorada, e casa-se sem que ela saiba. E se ela for daquele tipo que não suporta, nem por uma noite, ouvir roncos enquanto dorme? Um conflito poderá se instalar. Se isto houvesse sido tratado no período de namoro, a moça teria tido a chance de avaliar sua capacidade de tolerar a situação.

Geralmente, no período de namoro, todos procuram omitir os defeitos que possuem. E, mesmo que apareçam alguns, muitos apaixonados fazem questão de não os enxergarem. A decepção acontece quando se casam, que os defeitos se tornam repetitivos e perturbadores.

Somente o amor faz com que um costume "mutável" seja realmente transformado. Alguém muda para agradar a quem ama. Se não houver mudança em benefício do outro, a intensidade do amor entra no rol dos suspeitos. 

Apenas a tolerância faz com que uma relação seja mantida por longos anos, com defeitos que se repetem diuturnamente. Quem tolera um hábito imutável poderá desfrutar de um amor rico em boas atitudes e ter um relacionamento duradouro. 

Joaci Luis - Psicólogo - CRP 13/6160   Contato: (83) 98745 4396 (www.joacilpsicologo.com.br).


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