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quinta-feira, 7 de julho de 2016

Parte do capítulo 3 do livro Adolescente Rebelde - Como lidar?

A responsabilidade dos pais.

Frederico, um paciente de treze anos, fora encaminhado pelos pais para atendimento psicológico por apresentar muita desorganização com a vida. O garoto, segundo relataram, não gostava de estudar, não cuidava do material escolar, nem demonstrava qualquer responsabilidade. Mas a principal queixa era com relação à arrumação do seu quarto. Os pais relataram que era “impossível” entrar nele, sem pisarem algum objeto, espalhado pelo chão.
Na primeira sessão, quando Frederico teve oportunidade de falar sobre a queixa trazida pelos pais, tentou justificar seu comportamento “desorganizado” da seguinte forma:
- Como meu pai “pode” exigir que eu seja organizado, se o guarda-roupa dele é cheio de roupas enroladas e sujas? Quando ele tira uma roupa, enrola fazendo uma bola, tudo junto e joga lá. Já vi várias vezes brigas dele com minha mãe, por causa disso. Quando ele come, e costuma comer “vendo televisão”, suja tudo e joga muito lixo debaixo do sofá. Sai do banheiro molhado, sem secar os pés e joga a toalha em qualquer móvel que encontra pela frente. Minha mãe vive gritando para com ele, quando encontra a toalha suja e molhada em cima da cama. Como ele pode falar de mim?...

Muitos pais se decepcionam quando começam a perceber que seus filhos têm alguns comportamentos rebeldes. Ficam chateados, tentam coibir de qualquer maneira e frustram-se quando não conseguem administrar os fatos. Maior pavor existe quando percebem que aquilo que os filhos praticam hoje é muito semelhante ao que eles já fizeram nos tempos da adolescência. Existe, portanto, muito mais dos pais nos filhos do que se possa compreender.
Alguns acabam entendendo que o comportamento dos filhos é reflexo dos seus próprios, mas outros tentam puni-los, numa tentativa inconsciente de negar as próprias falhas. 
Deve-se perceber que, tanto a herança genética quanto a comportamental, exerce forte influência nos comportamentos dos adolescentes. Quanto à genética, a "culpa" dos pais torna-se indireta. É impossível evitar que os filhos herdem os genes paternos. Mas, quando se fala de herança comportamental, existe uma responsabilidade mais consciente dos genitores, sobre aqueles que geraram. 
Então, os pais precisam aprender a administrar os próprios passos, fazendo com que os filhos, que crescem ao lado deles, copiem bons modos para a formação de suas personalidades. Isto é tão importante que, quando algum adulto começa a analisar seus comportamentos, passa a perceber que a maneira de sentar-se, a forma de caminhar, o jeito como gosta de determinadas coisas, o sotaque e muitas outras preferências, são próximas demais daquilo que seus pais costumavam apreciar. Logicamente, quanto mais próximos dos pais os filhos são criados, maiores serão estas possibilidades. Isto, raramente, se aplicará ao filho que foi educado pela tia, pelos avós ou pela babá.
Todos já devem ter visto, numa roda de amigos, o pai bebendo e fumando, com o filho no colo. Nada há de errado em divertir-se com o filho por perto, até é louvável que pai e filhos estejam juntos. No entanto, se a criança cresce ao lado de um pai que se diverte com amigos, bebidas e cigarro, não deverá ser surpresa alguma se na adolescência ele, também, juntar-se com colegas para uma farrinha, regada com álcool e cigarros. Como as estruturas emocionais e fisiológicas são diferentes, o garoto poderá desenvolver muita dependência à substância e tornar-se um viciado, mesmo que o pai tenha bebido apenas “socialmente”. Não dá para omitir que seus primeiros encontros com as drogas aconteceram ainda criança, no colo do papai.
É provável que, após o vício se instalar, os conflitos familiares surjam e pai e filho comecem a se agredir, um tentando impor sua posição sobre o outro. Talvez nenhum se lembre das cenas da infância, onde a criança inalava a fumaça do cigarro, que saia da boca do próprio pai. E é possível que nem mencionem que o cheiro da cerveja já penetrava o nariz do garoto, desde aquela época, quando seu pai, não o pai do colega, mas seu próprio pai bebia com ele no colo. Se todo pai responsável pelos comportamentos disfuncionais dos filhos descobrisse o quanto contribuiu para isto, haveria melhor critério na hora de corrigir uma rebeldia.
O lado bom destas informações é que eles não herdam apenas os comportamentos desagradáveis. Não aprendem somente grosserias, intolerâncias e atitudes agressivas. Os filhos aprendem e imitam quase tudo o que os pais fazem. E, assim, como copiam seus erros, fazem, também, tudo de bom que os virem praticar.
Poderão existir exceções, pois o ser humano é uma máquina complexa, mas os homens mansos de hoje devem ter convivido com pais pacíficos no passado. Aqueles que hoje conseguem superar as frustrações da vida podem ter sido influenciados por pais que não eram maldizentes ou esbravejadores. Infelizmente, nem sempre o melhor exemplo vem dos que criam seus filhos. Às vezes, a criança recebe uma influência melhor (e mais duradoura) de um parente, professor ou amigo, que acaba anulando a pouca referência recebida de seus genitores.
Por tudo isto, torna-se importante compreender que os pais precisam se tornar modelos agradáveis para seus filhos. Renunciar uma crise de desespero, diante de uma criança, poderá evitar que ela desenvolva pouca tolerância à frustração. Poderá fazê-la perceber que, assim, como seus pais reagem bem às adversidades, ela deverá agir com calma diante das intempéries da vida.

Os pais nunca devem esquecer que seus pequeninos funcionam como "filmadoras humanas", que registram todos os seus atos, processam em suas mentes e passam a imitá-los, por toda a vida. Filhos podem até escolher profissões diferentes das dos pais, mas serão muito mais propensos a seguir seus modelos comportamentais. Certamente, verão a forma como os pais lidam com seus ofícios. Se se mostrarem satisfeitos e felizes com o que fazem, os estimularão a desejar serem o que hoje são.  (OLIVEIRA, Joacil Luis. Adolescente Rebelde - Como Lidar? Chiado editora: Portugal, 2016).
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