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quarta-feira, 30 de março de 2016

A vida e seus disfarces

Muitas almas choram dentro de corpos maquiados de felicidade. O dia não percebe, mas a noite ouve todos os gemidos. As pessoas não enxergam, mas o travesseiro recebe cada lágrima triste. E não há quem possa ajudar ou quem se disponha a desvendar as angústias alheias que vivem blindadas por uma aparente vida saudável e bem estruturada. Mas, o que se passa dentro é paradoxalmente distante daquilo que se apresenta por fora.

A blindagem, no entanto, não consiste apenas no corpo pintado de acordo com os padrões sociais, mas muito mais na ocultação das emoções reprovadas e na simulação daquelas que todos gostariam de ter. E isto não ocorre numa tentativa de diminuir os sentimentos desagradáveis através da estimulação dos que se desejam ter. Trata-se de uma aparente, apenas "aparente" teatralidade comportamental desprovida de qualquer originalidade. 

Os risos que enfeitam palidamente o rosto durante o dia se desfazem à noite, assumindo o verdadeiro papel motivado pelo interior. O chuveiro toma a forma de um "desmascarador", que lava muito mais a hipocrisia do que a pele que costuma banhar. Isto porque, depois dele, não haverá mais plateia esperando representações de uma falsa e aparente vida.

Os olhos bem abertos na direção de todos, ao longo do horário de compartilhamento social, se fecham e se encharcam com as lágrimas de acusação, medo e sensação de fracasso. Os pensamentos assumem o controle e "gritam" muito mais alto do que todo som ouvido durante o dia. Eles maltratam, oprimem, humilham e se tornam muito mais perturbadores do que os perigos reais que as ruas oferecem.

Os corpos bonitos e bem ornamentados na maior parte do tempo desmoronam sobre uma cama desconfortável, demonstrando que chegou a hora de ligar-se à realidade contundente de que é impossível se desconectar das reais emoções que ocorrem por dentro. Choram por entender que não basta se pintar por fora sem "curar" o mal que consome todo o interior.

Muitas vezes, o palhaço que provoca sorrisos lamenta-se em murmúrios contínuos durante longas noites, sem roupa colorida, sem tinta no rosto e sem público para aplaudir.

Então, o que se faz na rua é bem diferente do que se sente em casa, quando todos estão longe e a única companhia não é capaz de entender a dor, a lágrima e o mau humor.

E, para conhecer alguém, nem sempre é aconselhável tomar por base apenas o que faz ou como se comporta diante dos outros, mas observar cada detalhe de sua vida nos momentos de solidão, pois sozinhas as pessoas são mais propensas a demonstrar quem realmente são. 

Joacil Luis - Psicólogo - CRP 13/6160  Contato: (83) 98745 4396.


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