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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Cérebro e comportamento


O cérebro é o mais fascinante órgão do corpo humano. Constitui-se, também, o mais complexo sistema em funcionamento do organismo. Ligado à medula e às demais redes de neurônios que enervam o corpo, funciona de forma tão intrigante que ainda serão necessários inumeráveis anos de estudos para que a ciência possa tentar arriscar descrever os seus microscópicos, mas, imensuráveis caminhos.


O desenvolvimento do cérebro no início da vida ocorre de forma assustadoramente rápida. Uma criança nasce com 25% do peso cerebral de um adulto, mas com 2 anos de idade já atinge 75% desse peso. O cérebro é composto por células conhecidas como neurônios. À medida que a criança vai crescendo, os neurônios vão se agrupando e formando um sistema complexo de comunicação. Tal sistema será determinante para as futuras habilidades, preferências e comportamentos do indivíduo.

Os neurônios se comunicam entre si através da transmissão de substâncias químicas que são liberadas por uns e absorvidas por outros. Assim, as informações são recebidas, avaliadas e respondidas para todo o organismo. Esta comunicação neuronal pode ser influenciada ao longo do desenvolvimento da criança. É possível a construção de redes de neurônios durante toda a existência do indivíduo, pois sempre que se aprende algo se constrói novas redes,  mas é entre o nascimento e o final da adolescência que elas se formam com mais rapidez. 

Nesta cronologia do desenvolvimento cerebral, uma criança maltratada terá mais chance de desenvolver uma sequela psicológica do que um adolescente, e este será mais frágil em suas redes neurais do que um adulto. Portanto, as crianças devem ser tratadas com sabedoria pelos adultos, e os adolescentes, com a devida cautela.


Vale ressaltar que as redes de neurônios responsáveis pelo comportamento podem ser de boa influência ou não. Assim, quando uma criança cresce em um ambiente respeitoso, educativo e com bons exemplos, suas redes neurais se formarão sob influência deste ambiente e ela terá mais chance de ter comportamentos socialmente desejáveis. Da mesma forma, crianças que crescem em ambientes hostis podem, salvo exceções, adquirirem comportamentos antissociais. O ambiente, portanto, exerce muita influência no desenvolvimento cerebral e na construção de conexões neuronais. 


Pesquisas mostram que, mesmo crianças filhas de pais com comportamentos repudiados pela sociedade, quando crescem em um ambiente seguro e educativo, conseguem construir bons comportamentos.

Como as redes de neurônios são responsáveis pelo comportamento e como elas são mais vulneráveis até o final da adolescência, tudo que ocorre neste período pode ter mais influência sobre a pessoa do que os acontecimentos da idade adulta.

Uma rede de neurônios pode ser comparada a uma linha reta traçada com uma caneta em um papel branco. Se, durante o trajeto da caneta, houver alguma interferência, como um tremor na mão de quem a segura ou uma pancada qualquer, a linha certamente será prejudicada e apresentará deformidades. Da mesma forma, quando uma rede de neurônios está se formando e sofre uma influência adversa como uma briga entre pais, um acidente grave ou uma agressão, poderá ter uma formação deficiente e não corresponder às primeiras expectativas.

Um exemplo mais cotidiano é uma criança que vem crescendo com os pais de forma feliz e confiante. Ela tem aprendido que os pais a amam e querem seu bem. De repente um dos pais abandona a criança e vai embora sem dar notícias. Certamente  aquela rede de confiança que estava se formando no cérebro da criança poderá ser abalada e levá-la a, naquela área específica, sentir-se insegura. Poderá ser uma criança que sinta dificuldade em confiar nas pessoas e, se não houver uma intervenção, se transformará em um adulto inseguro e frágil. Tudo por causa de uma sofrimento em uma idade onde o cérebro estava ainda se desenvolvendo.

 Joacil Luis - Psicólogo - CRP 13/6160  contato: 83 8745 4396.

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