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segunda-feira, 17 de março de 2014

Educação Integral - Mais professores presentes e mais pais ausentes.

Deixando os rudimentos da Educação Integral de lado, é importante destacar que esta tem se tornado uma tendência crescente, tanto no setor público quanto no privado. Mais pais querem escolas que fiquem o dia inteiro com seus filhos e mais instituições estão se adequando para oferecer este tipo de atendimento. O bom é que as crianças recebem atenção de profissionais qualificados durante o dia inteiro. O conveniente é que os pais não precisam se preocupar em saber onde seus filhos estão, pois as escolas se responsabilizam por eles. Mas, o duvidoso é: será que ficar o dia inteiro longe dos pais poderá ser bom para as crianças?

Nem dá para dizer que a Educação Integral seria culpada por distanciar pais e filhos, pois estes já são afastados pela "necessidade" urgente que os chefes de famílias têm de trabalhar fora, para sustentar a casa. De qualquer forma, a garotada está o dia inteiro longe dos pais. Então, se for para ficar longe sem fazer algo de proveitoso, é melhor "internar-se" diariamente em uma escola, para ser educado por profissionais competentes, já que os pais não dispõem de tempo. 

Mas, outra dúvida que não deixa de aparecer é: chegando à noite, pais e filhos cansados, pela jornada "integral", terão ainda disposição para estar juntos, trocar experiências, abraçar e doar afetos indispensáveis para o bom desenvolvimento psicológico das crianças? O confortável disto é que, sem a jornada integral dos filhos, quando os pais chegam, cansados do trabalho, eles cobram atenção e estão bem animados para ficar com eles, mesmo cansados. Mas, com ambos (pais e filhos) "ocupados" o dia inteiro, certamente a noite será mais calma, sem exigência e com ida mais cedo para a cama. Até que ponto isto poderá ser saudável?

As crianças poderão (caso suportem a ausência  "compreensível" dos pais) se tornar excelentes profissionais. Mas, não se sabe se poderão ser bons e amáveis adultos. Certamente a Educação Integral tem um propósito louvável, mas cabe aos pais entender a responsabilidade que têm ao se distanciarem demais de seus filhos.

Passar o dia inteiro com os professores significa, também, ter a possibilidade de apegar-se a eles, afeiçoar-se de suas atitudes, aprender seus trejeitos e até manias. Então, poderá existir um filho que conheça melhor seu professor do que conhece seus pais. Também, poderá haver professor mais "considerado" do que muitos pais. É como se os pais pagassem para que os filhos fossem ouvidos, abraçados, compreendidos, aconselhados, animados, e até queridos por profissionais. 

E não se deve esquecer de perguntar a opinião dos filhos. Sim, pois são eles quem desfrutarão dessa "nova" iniciativa educacional. Mas, como crianças não têm uma opinião que seja superior a dos pais, seria cabível que estes se colocassem no lugar deles. Quantos pais prefeririam, se fossem crianças, contar suas aventuras, desalentos, experiências e alegrias para os professores, tendo em vista a falta de tempo dos seus genitores? 

Muitos adolescentes certamente optariam por dividir o horário de almoço com os pais, ao invés de ter "um profissional" do lado. Seria com eles que os garotos gostariam de conversar, enquanto preparassem a bandeja de comida ou durante os intervalos lúdicos. Enquanto os professores se aproximam dos filhos, os pais se tornam cada vez mais distantes. Porque não podem, não dispõem de tempo e "precisam" dar o melhor para seus pequenos. Quem dera eles entendessem o que realmente é o melhor.

Não há nada contra um projeto de educação integral, mas existe muita oposição aos pais negligentes, que não percebem que o futuro dos filhos poderá não ser tão auspicioso, se não construírem juntos o presente deles. Mais educação é sempre bem-vinda, mas nunca com o distanciamento entre pais e filhos.

Joacil Luis - Psicólogo - CRP 13/6160    Contato: (83) 8745 4396.

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