Pesquise um tema aqui

segunda-feira, 10 de março de 2014

Automutilação - Causas e tratamento.

A automutilação compreende tipos diversos de agressão contra o próprio corpo, sem intenção consciente de cometer suicídio. Estende-se desde arranhões na pele, feitos com as unhas, até mutilação ou amputação de membros ou partes destes, como: mãos, orelhas, dedos, etc. Em muitos casos, os ferimentos são realizados deliberadamente, sem que a pessoa esteja sob efeito de alguma droga. São comuns cortes nos braços com lâminas, cacos de vidros, pontas de tesouras ou estiletes. Como distúrbio do comportamento, acomete adolescentes e adultos ao serem frustrados, entristecidos ou enraivecidos. Geralmente pode associar-se a elevados níveis de ansiedade.

A automutilação é um transtorno raro associado, nos casos mais graves, a transtornos mentais como esquizofrenia. Crises psicóticas provocadas por drogas, também, podem levar a sintomas de agressão ao próprio corpo. Os casos consideradas "mais leves" podem ter associação com transtornos de personalidade e afetividade. 

É provável que exista uma relação entre filhos criados com pais que valorizam a autodepreciação e o comportamento de se automutilar. As crianças podem aprender a se autoagredir com os pais, que lhes direcionam palavras depreciativas desde muito novas. Passam a se enxergar como merecedoras de punição. Muitas acabam encontrando certo "prazer" na própria dor. 

Entre os transtornos associados à automutilação encontra-se o TPB (Transtorno de Personalidade Borderline), onde a flutuação do humor ocorre com muita frequência. Pessoas com este transtorno podem ferir a si mesmas motivadas por uma inconstante variação de humor, que provoca um misto de raiva, tristeza, ansiedade, angústia e inconsistência nos comportamentos.

A automutilação pode surgir na adolescência e estender-se  por muitos anos. Muitas pessoas ocultam a prática, o que dificulta ou impossibilita o tratamento. Em alguns casos, os pais nunca sabem que os filhos se machucam, ou descobrem acidentalmente, quando precisam de acompanhamento psicológico por outro motivo qualquer. 

É importante ressaltar que este comportamento é perigoso, causa sofrimento e poderá necessitar de tratamento farmacológico e psicológico. Os pais devem atentar para os filhos, principalmente quando costumam se trancar logo após momentos de frustração. O ato de se automutilar pode trazer sérios danos à saúde.

Como este comportamento disfuncional está associado à baixa tolerância à frustração, como medida preventiva os pais devem treinar seus filhos para lidarem corretamente com momentos difíceis. Não ajuda muito quando as crianças recebem tudo "nas mãos", sem que precisem esperar. Um pouco de "sofrimento" poderá ser bom para o amadurecimento psicológico. É importante, portanto, que nem todo desejo seja atendido de imediato, nem todo pedido seja concedido prontamente e que o excesso de "mimo" seja revisto pelos pais. 

Se na infância houver um bom preparo para as frustrações da vida, a fase adulta poderá ser melhor vivida. Quando o adulto sabe lidar adequadamente com as frustrações, não busca apoio ou "conforto" em um ato de agressão contra o próprio corpo. Ele sabe aceitar uma dificuldade e esperar que as coisas se resolvam.


Joacil Luis - Psicólogo - CRP 13/6160   Contato: (83) 98745 4396.

15 comentários:

  1. Mais um Artigo excelente. Parabéns Joacil!

    Jércica Dutra

    ResponderExcluir
  2. E quando uma criança de 2 anos se automutila?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Dependendo da forma como isto acontece, esta criança necessita de atendimento psicológico URGENTE. Entretanto, pela idade, deve haver uma boa observação para se ter certeza de que se trata de automutilação.

      Excluir
  3. Isso é verdade. Tenho quase 30 anos e ainda me automutilando quando me sinto muito pressionada. Não consigo lidar com expectativas. Não tive apoio durante a adolescência e nunca aprendi muito bem como lidar com minhas emoções. Então me corto para me acalmar e raciocinar melhor.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Mas, amiga, sempre será possível desenvolver estratégias mais funcionais. Sugiro qur procure ajuda de um profissional da psicologia.

      Excluir
    2. Tenho 33 anos e tbm me mutilo e sempre é por emocional.
      Nas minhas expectativas e ansiedade de alguma coisa sair errada

      Excluir
  4. descobri que minha filha esta fazendo pequisas sobre automutilaçao e comemtou com amigos que quer se automutilar nem sabia que isto existia. Ela ainda não fez, mas receio que possa fazer. o que faço

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Converse francamente com sua filha sobre o assunto, sem criticar e com muita compreensão. Se necessário procure um psicólogo. Sugiro que leia meu livro: ADOLESCENTE REBELDE - COMO LIDAR?

      Excluir
    2. Converse francamente com sua filha sobre o assunto, sem criticar e com muita compreensão. Se necessário procure um psicólogo. Sugiro que leia meu livro: ADOLESCENTE REBELDE - COMO LIDAR?

      Excluir
  5. Meu sobrinho tem 2 anos,quando está zangado bate a cabeça na parede, principalmente quando ouve a palavra"não" ele perde o controle, já procuramos ajuda mais o neuropsiquiatra infantil ,ainda não descobriu qual é o transtorno,o quê vc aconselha a gente fazer???

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá. Muito difícil falar alguma coisa sem ver a criança. Mas, diante do que você diz, sugiro que procure outro profissional. Pode começar com um psicólogo infantil. Ele saberá lhe orientar sobre a melhor direção a tomar. Abraço.

      Excluir
  6. Meu sobrinho tem 2 anos,quando está zangado bate a cabeça na parede, principalmente quando ouve a palavra"não" ele perde o controle, já procuramos ajuda mais o neuropsiquiatra infantil ,ainda não descobriu qual é o transtorno,o quê vc aconselha a gente fazer???

    ResponderExcluir
  7. E qdo se mutila e tem variação no humor...uma adolescente que ja teve depressão?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Então, seria o caso de submetê-la a uma avaliação psicológica para investigação de compatibilidade com algum transtorno de personalidade ou do humor.

      Excluir