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segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Hipnose como ferramenta da psicoterapia

A hipnose, que aqui será definida como um estado de consciência alterada, com hiperconcentração em estímulos internos, tem sido cada vez mais evidenciada como coadjuvante no processo de psicoterapia. Tanto psicólogos quanto outros profissionais da saúde (médicos, odontólogos, fisioterapeutas) têm usado a técnica hipnótica para promover "cura" ou facilitar a mesma. Um fator comum em todas as especialidades que utilizam o transe hipnótico é a capacidade de relaxamento que ela pode proporcionar. Isto facilita a intervenção terapêutica em qualquer área onde ela esteja sendo trabalhada.


Especialmente na psicoterapia, a hipnose pode promover o relaxamento muscular e mental, fazendo com que o "paciente" tenha maior condição de aderir ao procedimento psicoterápico. Isto porque a hipnose poderá facilitar a administração de técnicas, sem a interferência do senso crítico. Isto não significa que a pessoa em estado de hipnose não possa decidir sobre aceitação de alguns "comandos terapêuticos", mas apenas a torna mais propensa a não fazer julgamentos de valores, aceitando a voz do psicólogo como uma ferramenta capaz de lhe proporcionar ajuda.

Pensar na hipnose como um mecanismo onde quem hipnotiza se torna "comandante" do hipnotizado, é uma forma distorcida de ver esta abordagem terapêutica. A qualquer hora, alguém em estado hipnótico poderá discordar de alguma sugestão dada pelo hipnoterapeuta, caso isto crie conflito com seus princípios e suas crenças. 

A hipnose, portanto, longe das apresentações circenses, é uma abordagem científica, usada com responsabilidade por profissionais credenciados e capacitados. Dentre as muitas formas de atuação da prática hipnótica, pesquisas comprovam sua eficácia no auxílio do tratamento de: fibromialgia (1), manejo com pacientes oncológicos (2), claustrofobia (3), dor crônica (4), etc.

Vale ressaltar que ainda existe bastante desconhecimento por parte das pessoas sobre a prática da hipnose. Como muitos artistas de palco têm utilizado a técnica para apresentações "teatrais", muitos a confundem com algo místico e lendário. 

Ainda sobre o conceito da hipnose, não se pode ter uma definição tão precisa sobre o assunto, tendo em vista a complexidade de atuação que o estado promove. Pode-se comparar, apenas para uso didático, a um estado de sono, mas onde a pessoa não se encontra totalmente adormecida. No sono, a pessoa não se mostra colaborativa. No estado de hipnose existe colaboração por parte do "paciente", respondendo perguntas e passando informações para o psicoterapeuta. Portanto, não é correto afirmar que o hipnotizado esteja dormindo. Relaxamento profundo poderá ser um termo mais adequado.

Como já foi dito, há na hipnose um estado de "relaxamento" da consciência, fazendo com que esteja pronta a receber uma intervenção. Um exemplo mais claro pode ser dado referindo-se a um paciente que tem baixa autoeficácia. Sempre que ele pensa em fazer alguma tarefa complexa, olha para si e pensa que não será capaz. Sob o efeito da hipnose, deixa de fazer uma avaliação negativa de sua capacidade, aceitando a sugestão do hipnoterapeuta de que é tão capaz quanto as demais pessoas.

Sem o senso crítico ativo, a pessoa se torna mais aberta a um processo de intervenção psicoterápica. A hipnose, portanto, é vista como uma facilitadora em muitos processos terapêuticos. Apesar de muitos recusarem se submeter a um tratamento de hipnose, é bom lembrar que diariamente todos entram em transe lendo um livro, vendo TV, dirigindo ou fazendo uma tarefa que exija muita concentração. A diferença destes para aquela está apenas  na falta de direcionamento de um profissional, utilizando o transe para proporcionar a "cura".  

Joacil Luis - Psicólogo/hipnoterapeuta  CRP 13/6160 Contato: (83) 8745 4396.

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(1) NOGUEIRA, Cristiane Hikiji; LAURETTI, Gabriela R.; COSTA, Rodrigo M. Nogueira. Avaliação duplamente encoberta da hipnose em fibromialgia. Sao Paulo Med. J.,  São Paulo ,  v. 123, supl. spe,   2005 .

(2) CAIRE, Licia Ferreira. Hipnose em pacientes oncológicos: um estudo psicossomático em pacientes com câncer de próstata. Psico-USF,  Itatiba ,  v. 17, n. 1, abr.  2012 .   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-82712012000100016&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  30  ago.  2014

(3) VELLOSO, Luiz Guilherme Carneiro et al . Hipnose para controle de claustrofobia em exames de ressonância magnética. Radiol Bras,  São Paulo ,  v. 43, n. 1, fev.  2010 .   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-39842010000100007&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  30  ago.  2014.  

(4) NEUBERN, Maurício da Silva. Hipnose, dor crônica e técnicas de ancoragem: a terapia de dentro para fora. Psic.: Teor. e Pesq.,  Brasília ,  v. 29, n. 3, set.  2013 .   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722013000300007&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  30  ago.  2014.  http://dx.doi.org/10.1590/S0102-37722013000300007.

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