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terça-feira, 21 de março de 2017

Pais Birrentos x Filhos Birrentos

Nunca imagine que a birra é uma forma de se comportar inerente apenas às crianças. Na verdade, muitas delas podem copiar esta forma de interação social inadequada dos próprios pais. Alguns adultos não sabem lidar com problemas de "gente grande", e ainda enfrentam os filhos pequenos numa disputa totalmente disfuncional, acompanhada de mau humor, gritos, e (pasmem) até choro. Isto mesmo! Há muitos pais birrentos ensinando os filhos a agirem da mesma forma, quando não conseguem aquilo que desejam.

A birra é uma maneira inadequada de se comportar diante da frustração. E não são poucos os adultos que, não conseguindo receber um "não" de seus pares, cônjuges ou semelhantes, desenvolvem hábitos "estranhos" para um comportamento sadio. Muitos ficam "mudos", isolados, mau humorados, agressivos e chorosos, em vez de procurarem agir através do diálogo para resolver seus conflitos. Muitos maridos passam vários dias sem falar com as esposas, como forma de demonstrar que não concordaram com alguma coisa que elas fizeram. Mulheres podem ter o mesmo comportamento: adotar uma "birra" no lugar de um comportamento mais sociável e assertivo. 

O oposto deste comportamento disfuncional é a expressão das necessidades e da opinião através da fala. Muitos precisam entender que basta dizer como se sentem para serem entendidos. Falar tem mais poder do que "emburrar". Creio que muitas famílias se beneficiariam muito com um curso intensivo sobre o poder da comunicação verbal. 

As crianças que crescem em um lar de pais birrentos podem entender que esta é uma boa forma de agir para conseguir aquilo que desejam, e passar a "espernear", com muito grito e choro, sempre que tiverem seus pedidos negados ou seus desejos frustrados. Por outro lado, muitos adultos não sabem resolver os dilemas ou as travessuras de suas crianças e expressam extrema agressividade, gritando, quebrando objetos e gesticulando desordenadamente todo corpo, sem qualquer habilidade para serem moderados. 

Trocar uma conversa explicativa e esclarecedora com as crianças em meio a suas atitudes de birra por outra expressão birrenta poderá sabotar suas interações sociais e impossibilitar comportamentos saudáveis diante das perdas. Pais não precisam fazer toda vontade de seus filhos, mas necessitam aprender a serem firmes de forma tranquila. Quando esperneiam diante dos descontroles das crianças, nada conseguem, a não ser ensiná-las que o desespero poderá ser uma forma correta de se comportarem. 

Então, antes de se preocuparem com as birras extravagantes de seus pequeninos, muitos adultos necessitam estabelecer os próprios limites. Inúmeras famílias parecem campos de guerra recheados de violência. Delas poderão sair pessoas sem habilidade para lidarem com os fracassos inevitavelmente proporcionados pela vida. Primeiro é preciso haver tolerância entre os chefes da casa, para depois os demais membros aprenderem como ter um comportamento salutar. Mas, como podemos exigir que alunos tenham um bom comportamento na escola diante de seus pares e professores, se em casa seus pais se gritam, se mutilam e se agridem sempre que necessitam resolver alguma frustração?

É provável que a criança birrenta, se não for educada corretamente sobre este comportamento, se torne um adulto desajustado e, futuramente, um pai sem capacidade de lidar com seus filhos "complicados". E, assim o "mal da birra" vai passando de geração a geração, sempre trazendo sofrimento, dor e inadequação social. E não adianta levar os filhos birrentos para o psicólogo, se eles aprenderam a ser assim com os pais que possuem. Antes, cada genitor faça sua própria terapia, para depois, caso ainda seja necessário, poder enfim conduzir, tranquilamente, seus pequenos para a psicoterapia. 

Joacil Luis - Psicólogo - CRP 13/6160     contato: (83) 98745 4396   /   99962 5283.

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