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segunda-feira, 10 de junho de 2013

Desenvolvimento cerebral infantil

Até os dois anos de idade, o cérebro infantil realiza um número imensurável de conexões neuronais. Estas redes de neurônios são responsáveis pela interação e desenvolvimento da criança no mundo. É como se o cérebro construísse um projeto, logo no início da vida, da funcionalidade de cada pessoa. Pode-se pensar então que, até esta idade, um grande esquema cerebral é formado, que será determinante na forma como cada um se comportará no mundo.

É de suma importância que esta fase seja bem estruturada por cada criança, pois, como todo grande projeto exige dedicação, perfeição e meios adequados para ser elaborado, as redes neuronais, também, precisam de meios apropriados para se desenvolverem. 

Sempre que um arquiteto vai construir um projeto, traça uma série de riscos no papel ou na tela do computador. O primeiro passo é riscar bastante e desenhar cada ideia. Mas, em seguida, o profissional vai aperfeiçoando seu desenho, apagando os muitos traços desnecessários e deixando apenas aqueles que realmente serão úteis. Assim, também, acontece no cérebro humano, principalmente o infantil. Os neurônios se juntam compulsivamente em grandes surtos logo nos primeiros meses de vida. No entanto, depois de cada agrupamento, que a neurociência chama de sinaptogênese, acontece um processo chamado poda. Nada mais é do que a eliminação do excesso de conexões que não são utilizadas. 

Semelhante ao trabalho do arquiteto, o cérebro elabora uma seleção de redes que são mais utilizadas e descarta aquelas que não têm utilidade para a pessoa. O processo de escolha, descrito de forma rudimentar, baseia-se no uso e desuso. Se a criança usa tal rede, ela é deixada e fortalecida, se não usa é eliminada ou podada. 

Assim, vale ressaltar que, como a maior formação de redes de neurônios (sinaptogêneses) ocorre nos dois primeiros anos de vida, é muito importante que os pais usem esse período para estar com seus filhos, fortalecendo hábitos familiares saudáveis, aprimorando o contato social da criança, estimulando a comunicação e a inteligência e, acima de tudo, enriquecendo e fertilizando o cérebro infante com segurança, confiança e criatividade.

Quando a criança não é bem estimulada neste período, poderá ter dificuldade em alguma área da vida, ligada à área podada. Muitas vezes isto só será percebido quando ela entra na fase escolar. Algumas não conseguem ter tanta habilidade quanto os coleguinhas. 

Os pais devem participar da construção do processo mental de seus filhos antes de permitirem que outros o façam. Devem incutir seus preceitos e desejos na mente dos filhos primeiro do que os personagens infantis televisivos. Precisam traçar, já nos primeiros meses de vida, um projeto psíquico para o futuro dos filhos, estando com eles, brincando com eles, conversando, sorrindo, imitando, etc. 

Os pais necessitam baixar ao nível dos filhos para que eles tenham oportunidade de subir ao status dos pais. Quando isto não acontece, muitos não se reconhecem nos filhos adolescentes, porque eles imitam todo mundo fictício, menos os próprios pais. Tem adolescente que quer ser o Tarzan, quando deveria querer ser igual ao pai. Outros imitam artistas famosos, quando deveriam querer imitar os passos paternos. 

O que leva um adolescente a querer ser parecido com um personagem fictício ou com um artista famoso, ao invés de querer imitar os passos dos pais? Pode ser porque os personagens e artistas estiveram, muitas vezes, mais presentes na sua infância (quando construíam redes neuronais) do que os próprios pais.

Quando os filhos, muito pequenos, são entregues aos cuidados de uma programação de TV, lhes é retirado o direito de colocar a dinâmica de vida de seus pais nos seus pequenos projetos mentais. Eles, muitas vezes, passarão a perceber os pais como mantenedores, mas os personagens é que serão os amigos, confidentes e instrutores dos seus comportamentos.

Joacil Luis - Neuropsicólogo - CRP/13 6160  contato: (83) 8745 4396.

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