Quando uma criança tem problemas no aprendizado, não para quieta, não se mantém por muito tempo fazendo uma mesma tarefa, tem problemas para se comunicar (falando errado, trocando letras, gaguejando), etc, e poderá acarretar muitos conflitos para os pais, que não sabem lidar com o problema. Muitas famílias chegam a desprezar uma criança com tais comportamentos, acreditando tratar-se de birra, preguiça ou coisa semelhante.
Muitos dos comportamentos citados acima podem ter relação direta com um transtorno, não pouco comum, que acomete crianças e as acompanha até a fase adulta. Trata-se do TDAH, um problema que pode levar a criança a não conseguir se comportar de forma socialmente desejável para sua idade.
A criança com TDAH pode ser apressada demais, precipitada, desatenta, desligada, inquieta, responder antes de ouvir, subir em móveis ou outros lugares, falar demasiadamente, perturbar os colegas na sala de aula, levantar-se muito durante a aula, movimentar braços e pernas. Poderá ser considerada uma criança esquecida, briguenta, perturbada, desorganizada e desobediente.
Por não saber que o filho pode estar com um transtorno, muitos pais castigam, batem e usam todo tipo de disciplina possível. Por fim, eles acabam desistindo. Quando existem dois filhos com idades semelhantes, os pais costumam comparar um ao outro, podendo levar o "perturbador" a sentir-se inútil, incapaz e desamado. Por inexperiência, muitos pais acabam "derrubando" a autoestima dos filhos, tornando-os frágeis e inaptos a viverem na sociedade.
Existe uma tríade que é responsável pelo TDAH, mas nem sempre ela precisa estar junta para que o transtorno exista. Trata-se da hiperatividade, impulsividade e desatenção. A criança com TDAH poderá ter traços mais acentuados de desatenção sem que seja tão hiperativa. Poderá, também, ser mais hiperativa que desatenta e poderá, ainda, apresentar as duas coisas.
Uma característica forte na criança com TDAH é a dificuldade de controlar os impulsos. Isto faz com que fale muito, intrometa-se nas conversas alheias, responda antes de ouvir, etc.
As pesquisas sugerem que entre 3 a 6% da população de crianças em idade escolar tenha TDAH. É bom lembrar que a inteligência não é afetada pelo transtorno. O problema é que ele se torna um obstáculo para que ela seja desenvolvida.
O diagnóstico do TDAH começa com a identificação dos professores na sala de aula, quando percebem comportamentos "diferentes" e aconselham aos pais a procurarem ajuda profissional. Os sintomas principais devem estar em evidência antes dos 7 anos de idade, mas isto não impede que o diagnóstico venha depois dessa idade. Avaliação psicológica, neuropsicológica e neurológica pode ser de grande valia na construção do diagnóstico.
É importante que os pais adquiram o hábito de levar os filhos para avaliação de um profissional da psicologia sempre que houver qualquer sintoma considerado "diferente", ou mesmo rotineiramente, a título de prevenção. Quanto mais cedo o TDAH for identificado, mais fácil será intervir.
Joacil Luis - Psicólogo - CRP 13/6160. Contato: 8745 4396.
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