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segunda-feira, 1 de abril de 2013

O solitário mundo do espectro autista

(2 de abril - Dia Mundial da Consciência Autista)
Sobre os comportamentos autistas sabe-se que exista uma tríade que torna o diagnóstico menos trabalhoso: pouca comunicação, movimentos repetitivos (estereotipados) e falta de interação social. Usando termos mais práticos, a criança autista pode apresentar pouca necessidade ou vontade de falar ou se comunicar com outras pessoas, pode ter alguns gestos que repita constantemente como: balançar o corpo, sacudir mãos ou pernas, bater com a mão na barriga, etc. Poderá, também, evitar interagir com coleguinhas da mesma idade, preferindo brincar sozinho e isolado.

Mas nem sempre uma criança com problemas relacionados ao autismo traz consigo este trio de comportamentos de forma clara e fácil de identificar. Quando isto não ocorre, poderá ser que esteja em evidência o espectro autista, um tipo de autismo não tão profundo, mas que requer cuidados imediatos, sérios e permanentes tanto quanto o autismo clássico. 

A criança com traços do espectro autista tende a fazer os pais não acreditarem que ela necessita de cuidados especiais, por não perceberem ou não aceitarem que o filho tem um "jeitinho" diferente dos coleguinhas. Assim, demoram a procurar ajuda especializada e acabam atrasando o tratamento (ou acompanhamento profissional). 

A ignorância sobre o assunto faz com que as pessoas tratem uma criança com sintomas autistas de forma preconceituosa. Alguns professores acabam isolando o aluno para não "prejudicar" o andamento da aula. Os familiares, mal informados, tratam com desprezo, acreditando que a criança seja travessa. Não poucos amigos da família, privam seus filhos de se aproximarem da criança do espectro autista por medo de serem agredidos, contribuindo, assim, para o isolamento.


É necessário saber que crianças autistas, independente do nível do transtorno, necessitam, também, de amor, carinho, atenção e afeto. Elas podem retribuir gestos de ternura e comportamentos de bondade da forma delas e da maneira que são capazes. Muitas vezes, as pessoas valorizam tanto as deficiências que esquecem de observar a capacidade desses pequenos.

O autismo é um transtorno que atinge o desenvolvimento da criança em várias áreas (comunicação, socialização, inteligência, etc). Dependendo do nível, pode vir acompanhado de déficit cognitivo (retardo mental), o que torna a evolução do tratamento mais complicada. 

Para que se entenda o espectro autista, imagine-se que o transtorno seja uma piscina projetada para banhistas adultos e crianças. À medida que alguém entra na água e caminha em direção à parte mais funda, vai imergindo todo o corpo até chegar à parte mais profunda da piscina. Tanto quem está na parte rasa quanto quem está no fundo encontra-se dentro da piscina, mas o primeiro tem menor parte do corpo molhada pela água. Pode-se pensar no espectro autista como a parte rasa da piscina. Uma criança que pertença ao espectro autista não tem todas as limitações que possui aquela que é considerada autista clássica. 

Dentro do espectro autista podem estar crianças que riem, que olham nos olhos, mas que têm movimentos estereotipados, não gostam de brincar acompanhadas e têm muita dificuldade em dividir suas coisas com os coleguinhas.

O que deixa os pais, muitas vezes, frustrados quando se fala em espectro autista é que não compreendem o nível de comprometimento do filho e fazem comparação de suas crianças com outras (autistas clássicas). Eles não enxergam seus filhos como autistas, rejeitam a orientação profissional e não procuram mais ajudar a criança. Desta forma, as áreas comprometidas acabam sem evolução e a criança, que poderia aprender muitas coisas, cresce com problemas mais sérios do que deveria apresentar. Quanto mais cedo for identificado o autismo (preferencialmente antes dos 03 anos de idade) mais fácil será a estimulação das áreas prejudicadas.

O espectro autista pode ser responsável pelas crianças que os pais chamam de tímidas, pode estar causando a dificuldade de aprendizado e pode ser o grande estimulador do comportamento da criança que não aceita que sua rotina seja quebrada.

Se houver maior conscientização, se os pais atentarem mais para o bem dos filhos, sem preconceito, muita criança pode ser melhor ajudada. Levar uma criança a um acompanhamento psicológico é muito mais que uma questão de cura, trata-se de algo preventivo e necessário no curso de seu desenvolvimento.

Joacil Luis - Psicólogo - CRP 13/6160     Contato: (83) 8745 4396.

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