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segunda-feira, 29 de abril de 2013

A Criança Ansiosa

Engana-se quem pensa que a ansiedade é uma peculiaridade dos adultos. Pesquisas apontam para um considerável número de crianças dentro de uma faixa de sintomas compatíveis com a ansiedade grave. Alguns autores comentam que um em cada 10 crianças e jovens, poderá apresentar ansiedade patológica na infância (STALLARD, 2010).

A forma como a ansiedade se apresenta na criança poderá ser tão variada que dificulta um diagnóstico, na maioria das vezes. A primeira área onde ela se manifesta é a cognitiva, levando a criança a um estado de hipervigilância, crença no surgimento imediato de catástrofes, pensamentos de que algo ruim poderá lhe acontecer ou a seus pais. Muitas crianças ansiosas podem ter medo de deixar os pais saírem de perto, por acreditarem que eles morrerão longe delas, ou que as abandonarão.

Outra área, onde a ansiedade infantil age, é a fisiológica. Assim como nos adultos, a criança ansiosa pode ter sudorese, enrijecimento muscular, diarreia, etc. Muitos sintomas no corpo precisam ser observados com atenção pelos pais. Uma criança que pede para ir ao banheiro muitas vezes antes de realizar uma prova, poderá estar apresentando um sintoma ansioso. Mesmo que a ansiedade seja algo normal em todas as idades, torna-se perigosa quando se perde o controle e a mesma passa a impedir o funcionamento habitual da pessoa. Ficar ansiosa antes da prova, portanto, poderá ser normal, mas será patológico quando isto causar perda no rendimento da prova ou quando não permitir que a criança faça a avaliação. Muitas ficam em casa sem querer ir para a escola para não enfrentarem a prova que precisam realizar. 

O terceiro componente atingido pela ansiedade nas crianças é o comportamental. Muitos pequeninos se agarram a seus pais na tentativa de não os permitirem sair de casa. Outros se trancam quando recebem visitas, por medo de que possam ser vistos e não aceitos pelos visitantes. Comportar-se de modo diferente do habitual, poderá indicar que a criança esteja passando por problemas, dentre os quais, poderá estar a ansiedade. O imediatismo na criança pode sugerir a ansiedade. Os pais precisam ter cautela para não reforçarem este comportamento nos filhos. A criança que quer tudo para "agora" pode ter sua ansiedade reforçada por aqueles que atendem suas reivindicações imediatistas. Elas precisam, desde cedo, aprender a esperar a hora certa para ganharem o brinquedo que desejam ou o passeio que tanto pedem. Pais que fazem tudo na hora que a criança "exige", são suspeitos de alimentar a ansiedade que a motiva. 

A ansiedade infantil leva a criança a manifestar preocupações mais acentuadas do que o considerado normal para sua idade. A criança ansiosa poderá ser considerada tímida, por não gostar de aparecer; poderá ser taxada de chata, por evitar contato com outras crianças ou adultos e poderá ser isolada ou discriminada pelas demais crianças, que não conseguem entender o real motivo de seus comportamentos.

É possível que outros quadros clínicos apareçam junto com a ansiedade infantil, quando esta não é cuidada no momento oportuno. A depressão poderá ser a aliada mais comum da ansiedade. Um bom número de crianças ansiosas poderá desenvolver, caso não seja "tratada", um transtorno depressivo.

Os pais e professores devem atentar às mudanças de comportamento de seus filhos. A ansiedade infantil deve ser "tratada" antes que cause maior dano à vida da criança. Quando o tratamento não ocorre, poderá seguir para a vida adulta, manifestando-se em uma fobia social, transtorno de pânico, agorafobia, etc.

A psicoterapia deve ser a porta de entrada para o acompanhamento da criança ansiosa. Em muitos casos, o tratamento poderá ser pareado com  a intervenção farmacológica. Neste caso, psicólogo e psiquiatra trabalham juntos para trazer de volta a funcionalidade da criança.

Joacil Luis - Psicólogo - CRP 13/6160. Contato: (83) 8745 4396.

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