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segunda-feira, 6 de maio de 2013

A Criança Agredida

Entenda-se por agressão, neste artigo, toda e qualquer forma de sofrimento provada voluntária e conscientemente contra uma criança. Pode ter sido por desconhecidos, amigos, familiares e pelos próprios pais. Pode ocorrer por meio de palavras, surras, castigos excessivos, exposição à cenas pornográficas, contato sexual, açoites, etc.

As sequelas advindas da agressão sofrida por uma criança são tão variadas e imprevisíveis, que não se pode listar com poucas linhas em um texto pequeno. Em muitos casos, elas só aparecerão na idade adulta. 

Muitas vezes, surpreendentemente, são os pais quem mais agridem seus filhos. Alguns descarregam seus problemas, trazidos do trabalho e do estresse rotineiro, nas crianças pequenas. Xingam, batem, comparam com animais, etc. Existem pais que, por terem sido mal tratados na infância, pensam que seus filhos devem ter o mesmo tratamento. Agem como se desejassem vingar nos filhos os   sofrimentos recebidos.

Pode ser que a agressão provocada pelos pais aconteça por eles não terem habilidade em lidar com pequenos problemas causados pelos filhos. Surpreende como muitos pais suportam grandes dificuldades no setor de trabalho, se calam para não machucar um colega, fecham a boca diante de um erro do patrão, mas não conseguem dissimular um pequeno deslize do filho pequeno. Alguns agridem o filho como gostariam de ter agredido o colega, na empresa onde trabalham.

A criança agredida começa a formar muitos pensamentos em sua mente incauta. Pode pensar que não é digna de ser amada, que não presta para viver com sua família, que os pais não a amam e começa a sentir tristeza, vergonha, falta de vontade de viver, desinteresse pelos estudos, etc. Pode parar de sorrir, deixar de sentir prazer em momentos alegres, curvar a cabeça e considerar-se a pior criança do mundo.

Muitas crianças, vitimas de agressão, tornam-se depressivas, ansiosas, com baixa autoestima, revoltadas ou aborrecidas. Passam a lidar com outras crianças de forma disfuncional. Algumas não se agrupam, por se acharem inferior; outras agridem os coleguinhas sem qualquer motivo aparente, como uma forma de protestar contra a felicidade do outro. Cabe lembrar que nem sempre esses comportamentos são sequelas de agressão.

Muitos adultos que hoje são "amargos e foscos" podem ter sido crianças agredidas, no passado. A agressão tira o valor da criança, apaga suas motivações, distorce sua visão de si,  do mundo e dos outros e mata sua capacidade de ser criativa e feliz. Muitos pais transformam seus filhos em verdadeiros depósitos de medo, insegurança, fraqueza e incapacidade. Formam homens e mulheres imaturos e inertes, carregados com um  fardo muito pesado de exigências sobre si, que nunca se sentirão capazes de cumprir.

Pai que agride pensando em educar, ensina o filho a bater, quando deveria pedir desculpas. Aqueles que surram quando deveriam abraçar, confundem a mente e as emoções de suas crianças. Os que castigam antes de ouvir, anulam o direito dos filhos e os ensinam a não respeitar o que é do outro.

Não é exagero se for dito aqui, que muitos jovens agressores, que não sabem lidar com amizades, com relacionamentos, com frustrações e com as adversidades da vida, podem ter perdido tais habilidades na infância conturbada que tiveram com seus pais.

Pais que amam procuram educar sem machucar; buscam corrigir sem deixar feridas; toleram para evitar um dano maior; pedem ajuda para não cometerem erro; abraçam os filhos, beijam, ouvem, perdoam e fazem tudo que podem para protegê-los. Muitas famílias estão destruindo seus filhos como uma galinha débil, que quebra o ovo depois que põe.

Joacil Luis - Psicólogo - CRP 13/6160  Contato: (83) 8745 4396.

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