A criança Medrosa

O medo é um sentimento comum tanto em adulto quanto em crianças. Assumir o medo, portanto, é uma característica mais facilmente encontrada na criança. Os adultos disfarçam seus medos por acreditarem que eles são sinônimos de covardia. O problema é quando muitos pais, que pensam assim, acabam desvalorizando o medo de seus filhos e os forçando a agir como se ele não existisse. 

Muitas crianças "engolem" seus medos para satisfazer o pedido (ou a bronca) de seus pais. Elas se calam porque os pais não têm tempo para ouvi-las ou porque eles tratam seus filhos medrosos como fracos e incapazes. Muitos são agressivos, fazem comparação com outra criança menos medrosa,  usam palavras de cunho pejorativos e chegam a afirmar que ter medo não é coisa de homem (quando se trata de uma criança do sexo masculino). 

Não falar sobre o medo pode levar a criança a fazê-lo crescer dentro de si como um gigante que vai apoderando-se de suas vontades, decisões e comportamentos. Existe muita criança com medos tão singelos que uma simples conversa, no início, apagaria o sentimento. Mas como não puderam ter a devida atenção no momento certo, o medo pequeno cresceu e tornou-se maior do que a capacidade da criança para enfrentá-lo.

Quando um medo cresce muito, torna-se uma fobia - um medo tão forte que chega a incapacitar. As fobias podem escravizar qualquer pessoa, principalmente uma criança. É por causa das fobias que muita gente não anda de avião, não entra em um elevador, não sobe em uma escada e desespera-se pelo simples fato de acreditar que exista uma pequena barata em sua casa. 

O dramático destes fatos é que alguns pais expõem seus filhos ao medo por acreditarem que eles não devem demonstrar fraqueza ou fragilidade. Outros brincam com as crianças, assustando-as, fazendo dos filhos verdadeiros "bobos da côrte". E quando os filhos crescem, medrosos e inseguros, não param para pensar que podem ter sido eles próprios quem estimularam seus medos.

Evidentemente nem toda criança medrosa foi estimulada pelos pais a serem assim. E, também, muitos que os fizeram, não sabiam das consequências dos seus atos. Torna-se, entretanto, imprescindível que os pais comecem desde cedo a atentar para os pequenos temores de seus filhos.

Muitos medos seguem o cronograma do desenvolvimento da criança e fazem parte de seu crescimento. Por exemplo, pode estar dentro da normalidade uma criança pequena ter medo de escuro, de pessoas estranhas, de alguns animais ou de alguns locais. Os pais, nesta fase, precisam conversar carinhosamente com seus filhos, explicar sobre isto e os ajudarem a superar seus pequenos medos. Isto não poderá acontecer quando os pais brigam, gritam com a criança, obrigam-na a entrar em um quarto escuro ou usam seu medo como objeto de castigo. Muitos se aproveitam da fraqueza dos filhos para os disciplinarem. Usam ameaças como: se não ficar quieto, vou colocar no quarto escuro; se não fizer a lição vou chamar o cachorro para pegar você. Este tipo de comportamento dos pais, aumenta o medo da criança, podendo transformá-lo em uma fobia. 

Nas fases dos medos, os filhos pequenos precisam do apoio dos pais. Necessitam de colo, de abraço e de encorajamento. Precisam ser ouvidos e esclarecidos. Os pais podem prevenir muitos problemas das crianças com relação ao medo, desde que interfiram de forma amável e prudente, no momento certo. 

Quando não conseguir entender os medos dos filhos, ou resolvê-los, é importante procurar ajuda profissional. Nunca, portanto, deve-se negligenciar um medo, como se fosse algo sem valor. Mesmo quando parece supérfluo para um adulto, tem muita importância para a mente infantil de uma criança. 

Joacil Luis - Psicólogo - CRP 13/6160.  Contato: (83) 8745 4396.