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segunda-feira, 5 de maio de 2014

Imaginação e Realidade

Um filme de bruxas e gnomos prende mais a atenção do que uma cena de sofrimento na vida real. Isto é possível porque a capacidade de atentar para a imaginação supera a influência que a realidade pode exercer sobre as pessoas. Desta forma, tem muita gente sofrendo e tendo a vida bloqueada por impactos fictícios de pensamentos que poderão nunca acontecer. As pessoas choram, entristecem e "param de funcionar", impulsionadas por problemas que nunca ocorrerão. Isto é o peso que a imaginação exerce sobre a vida de muitos. 

O problema se torna maior, quando fica evidente que a imaginação é mais tendenciosa a conduzir as pessoas para o fracasso. É mais comum ver pessoas que se imaginam acabadas, incapazes, inapropriadas, burras, feias, deformadas, etc. Se a imaginação negativa que têm de si pudesse ser convertida em visões que elevassem a autoestima, a dor seria banida dando lugar à força.

Muita gente vive escravizada por pensamentos que não condizem com a realidade. Uma jovem que se imagina feia e defeituosa, acredita na imagem que faz de si, rejeita sua verdadeira aparência, e passa a vida inteira triste e isolada. Não se relaciona com outras pessoas por acreditar naquilo que sua imaginação diz. Poderá passar anos de sua vida se olhando no espelho e rejeitando a própria imagem. 

A imaginação disfuncional pode ser alimentada por situações "embaraçosas" ou "constrangedoras" que as pessoas passam. Um adolescente, que tenha sido apelidado de forma pejorativa de gordo, poderá se imaginar tão obeso que não aceitará mais a forma natural do seu corpo. Uma garota, chamada de feia, poderá se imaginar tão "esquisita" que buscará no isolamento seu eterno refúgio. Ainda se pode falar daqueles que ficam anos ruminando um fato desagradável que ocorreu, como se estivesse acontecendo novamente, naquele exato momento.

As pessoas deveriam usar a imaginação para confrontar seus problemas e enfrentar as dificuldades, assim como fazem para ignorar aquilo que realmente são capazes de fazer. Quem disse para o tímido que ele não consegue se relacionar? Quem criou o limite da beleza para que as pessoas pudessem se aferir? Quem provocou no fóbico social o medo de se expor publicamente? Certamente a imaginação, que cresceu no campo fértil das mentes "incautas", serviu de inspiração para tais limitações.

Grande parte dos problemas psicológicos é resultado de uma imaginação deturpada da realidade. O homem que não consegue se comunicar, a moça que não pode sair na rua, o vendedor que não olha nos olhos do cliente. Há um medo exacerbado pela imagem distorcida que estas pessoas fazem dos pequenos deslizes que cometeram na vida. 

Usar a imaginação de forma apropriada é tão terapêutico quanto muitos processos de busca pela cura. Imaginar-se forte é mais proveitoso do que visualizar uma cena "irreal" de ser vaiado em uma apresentação. Ver-se capaz é mais saudável do que acreditar na imagem mental de que apenas os outros podem realizar determinada façanha. As pessoas deveriam gastar mais energia imaginando coisas boas sobre si a ficarem se entregando ao fracasso, somente porque existe uma projeção mental dizendo que não são dignas nem fortes. Por que acreditar tanto na virtualidade dos pensamentos? 

Se apenas aprenderem a comparar o que imaginam com as possibilidades daquilo se tornar realidade, já terão um bom resultado.  Quem se imagina fraco não consegue se erguer, mas qualquer doente que se vê forte consegue diminuir a sua dor. 

Joacil Luis - Psicólogo - CRP 13/6160.   Contato:  (83) 87445 4396.

2 comentários:

  1. Excelente texto. Eu já vinha experimentando enfrentar o medo imaginariamente, durante a meditação. Percebi que mesmo quando a situação que me causa essa sensação é uma simulação imaginária meu corpo reage a ela, mas lá eu posso enfrentá-la.

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