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sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Sobre a violência

A violência está tão em evidência que chega a ser banalizada. As pessoas ouvem uma reportagem sobre o assunto e não dão mais tanta atenção. Parece que a maioria está se acostumando com os fatos estarrecedores noticiados pela imprensa. As cenas brutais de assalto, roubo, sequestro e morte são vistas até por crianças sem nem um critério por parte dos pais ou das redes que divulgam.

Percebe-se que os atos de violência não ferem mais a sensibilidade humana. Se os homens estão mais adaptados à violência, podem, também, estar menos sensíveis à dor do outro. Isto, por sua vez, tende a concorrer para o aumento da crueldade.


Seres vivos têm uma tendência inata a buscar a sobrevivência. Eles são instintivamente impulsionados a lutarem contra a morte, o sofrimento e a destruição. No entanto, o exagero desse cuidado, tem sido verificado na externalização dos instintos violentos. Muitos acreditam que para sobreviver precisam abater os outros e, para permanecerem bem, têm que dificultar a vida alheia. Pode-se pensar que o homem está cada vez mais individualista. Aliás, isto sempre foi assim. Quem nunca leu sobre os atrocidades dos bárbaros, a prepotência cega dos antigos imperadores, a morte inquisitória dos dissidentes religiosos da idade média, os navios negreiros, etc?


Agredir o outro em prol de si próprio sugere ser tão atual quanto foi antigo. Hoje, apenas foram trocadas as masmorras pelo repúdio e desprezo; as facas de pedra foram substituídas por armar de fogo; as catapultas deram lugar aos mísseis. A violência mudou apenas de forma, mas a intensidade é a mesma, pois o coração que maquina continua humano.


Se não for formulada dentro do coração do homem, a violência não passa de sua forma natural para garantir a sobrevivência. É o caso dos animais, que são agressivos apenas quando se sentem ameaçados ou quando precisam garantir a segurança de seu território. Com os humanos isto vai além da necessidade de viver. Eles não se contentam em estar vivos, mas alegram-se quando os outros morrem. 


Mesmo que se procurem infinitas fontes que justifiquem a violência, certamente elas esbarrarão na interpretação subjetiva que cada homem faz, movido pela idiossincrasia que lhe é peculiar.


Se fosse possível estimular a percepção do bem dentro da alma humana, talvez a violência pudesse ser amenizada. Isto, porque não são poucos os relatos daqueles que tiveram uma "regeneração" comprovada por uma boa educação ou por uma disciplina bem elaborada. Assim, não adianta muito vestir o corpo de branco quando a alma permanece negra.  


Seria melhor se fossem propostas reformas nas almas das pessoas, antes de serem inseridos projetos faraônicos em construções sociais. Mesmo que estes sejam importantes, aquelas podem ser imprescindíveis.  É provável que a violência seja melhor combatida de dentro para fora de cada indivíduo, uma vez que já se nasce predisposto a isto.


Joacil Luis - Psicólogo - CRP 13/6160           Contato: 83 8745 4396.



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