A memória humana
é um fascinante mundo psíquico que tem causado interesse na ciência desde as
mais remotas datas. Tentar desvendar seu funcionamento e compreender sua
formação é um projeto auspicioso da ciência. Memória, segundo diversos
estudiosos, é a base do conhecimento. Como tal, deve ser trabalhada e
estimulada. É através dela que damos significado ao cotidiano e acumulamos
experiências para utilizar durante a vida. Muitos avanços aconteceram
envolvendo esse assunto e levando o homem a cada vez mais aproximar-se de seu
reservatório de conhecimentos. Memória é a capacidade humana de armazenar
informações, conservá-las de forma consciente ou inconsciente, e, recuperá-las
para uso posterior.
Pode-se dizer que o cérebro humano abriga um infinito banco
de dados localizado em locais diversos, conhecidos e desconhecidos pela
ciência. Quando se fala de memória, não se tem 100% de precisão para afirmar em
que parte do cérebro ela está localizada. Existe, sim, algum conhecimento
científico que mostra que uma lesão em alguns pontos cerebrais, pode afetar
parte ou a totalidade da memória. Todavia, a ciência luta pra desvendar o
processo de memorização humano e esclarecer o maravilhoso funcionamento mnemônico.
Estudos revelam que três etapas são fundamentais no funcionamento da memória: a codificação, o armazenamento e a
recuperação. Codificar é fazer a informação entrar na memória. Codificamos
uma informação sempre que a ouvimos, vemos, sentimos, degustamos ou percebemos
através do cheiro. A codificação ocorre de forma automática ou involuntária,
mas, também por vontade própria através do esforço que é seguido de atenção para
aquilo que queremos memorizar. A codificação com esforço acontece quando temos
necessidade da informação. Muitas vezes é preciso empreender ensaio para codificar
uma informação na memória a fim de que esta tenha efeito duradouro. Sobre o
armazenamento de informações, alguns pesquisadores dividem a memória em três
tipos: memória sensorial, memória de
curto prazo e memória de longo prazo. A memória sensorial preserva a
informação em sua forma sensorial original por uma fração de segundo (WEITEN. W
2002). A memória de curto prazo consegue guardar uma informação por até 20
segundos. E a memória de longo prazo não tem limites de tempo para guardar
informações. A memória de longo prazo pode guardar informações conscientes, que
podem facilmente ser recuperadas, ou informações inconscientes, que apesar de
não poderem ser recuperadas facilmente, podem se manifestar de forma
instintiva. A recuperação de dados armazenados na memória pode acontecer pela
vontade humana, quando existe uma necessidade, ou pode ocorrer de forma
involuntária, quando determinado estimulo leva a memória a liberar dados
armazenados. Quando necessitamos lembrar o número do telefone de um amigo,
recuperamos esse dado da memória voluntariamente sem a interferência de
qualquer estimulo, que não seja a necessidade da informação. Quando, no
entanto, ouvimos uma música antiga, guardada em nossa memória em um momento
apaixonante, imediatamente lembramos do episódio passado e reconstruímos cenas
até então “esquecidas” pelo nosso consciente. A memória é um fantástico mundo
de complexidade. Para que o ser humano possa reter na memória uma determinada
informação, é necessário que sua atenção esteja voltada para isso. Sem atenção,
não há qualquer possibilidade de se guardar um fato, e, sem guardá-lo, não há
como recuperá-lo depois. A memória é uma faculdade cognitiva extremamente
importante porque ela forma a base para a aprendizagem. Se não houvesse uma
forma de armazenamento mental de representações do passado, não teríamos uma
solução para tirar proveito da experiência. Assim, a memória envolve um
complexo mecanismo que abrange o arquivo e a recuperação de experiências. Esta
intrigante faculdade mental forma a base de nosso conhecimento, estando
envolvida com nossa orientação no tempo e no espaço e nossas habilidades
intelectuais e mecânicas. Sem a memória seríamos apenas um aglomerado de órgãos
desconexos funcionando de forma vegetativa sem capacidade de desenvolver
qualquer tarefa planejada. Não teríamos passado, nem planejaríamos o futuro, e,
o presente seria desbotado e sem qualquer resquício de curiosidade. Seríamos,
sem memória, como a folha que o vento leva ou como a pedra que a água empurra.
Complexa e de difícil esquadrinhamento, o que se sabe sobre a memória é tudo
aquilo que ela própria é capaz de investigar e compreender sobre si. É possível
abrir um coração, um pulmão, um órgão qualquer e, até o cérebro, mas, a memória
é um tesouro escondido, invisível, impalpável, inacessível.
Joacil Luis
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