Foto: Júnior Paiva |
Existe muita discussão, principalmente através da mídia, abordando opiniões contrárias a esta forma da Justiça lidar com os adolescentes. O que uma grande parte dos que fazem a imprensa brasileira deseja é que este grupo seja tratado em igualdade com os demais transgressores da Lei.
A discussão gira em torno de o adolescente ser responsável pelos atos que pratica. Isto implicaria em admitir que o jovem, maior que 12 e menor que 18 anos, seria maduro física e psicologicamente para responder por práticas comportamentais ilegais.
A controvérsia se acentua quando parte da ciência admite que, neste período (adolescência), o cérebro poderá sofrer inumeráveis transformações, não estando plenamente desenvolvido. Tais modificações poderiam explicar muitos comportamentos disfuncionais e violentos dos jovens.
Dessa forma, com a tese de um cérebro imaturo até os 18 anos, a redução da maioridade estaria tirando do adolescente o direito de provar que poderia ter um comportamento diferente e responsável por opção e que seus atos infracionais teriam sido motivados por imaturidade.
A questão ainda vai render muita discussão, principalmente porque as pesquisas avançam na relação entre cérebro e comportamento. Não são poucos os pesquisadores que defendem haver uma relação significativa entre partes do sistema límbico (estruturas cerebrais) e comportamentos como: agressividade, impiedade, irresponsabilidade, etc.
Para estes cientistas, algumas estruturas cerebrais lesionadas ou modificadas geneticamente, podem contribuir para que o indivíduo seja predisposto à criminalidade. Por este viés, a idade seria irrelevante para a mudança do comportamento, uma vez que a formação biológica assumiria o controle.
A Justiça, então, encontra-se em uma situação visivelmente paradoxal. Se mantiver a maioridade penal aos 18 anos poderá estar adiando ou dando tempo para o adolescente infrator multiplicar seus "delitos". Mas, se reduzir para 16 anos, como alguns propõem, poderá impedir um jovem de amadurecer, mudar e renovar-se.
Enquanto a "Lei" pensa, a ciência cria hipóteses, e os adolescentes continuam cometendo, cada vez mais, "Atos Infracionais".
É complicado separá "doentes" de "imaturos". E, assim, não se pode afirmar muita coisa sobre o assunto que se torna cada vez mais complexo e, aparentemente, insolúvel.
*Estatuto da Criança e do Adolescente.
Joacil Luis - Psicólogo - CRP 13/6160 Contato: 83 8745 4396.
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