Foto: Junior Paiva |
Um exemplo simples de compartilhamento é quando alguém coloca um arquivo a disposição de todos, na internet. Qualquer um pode baixar, ler e reenviar para quem desejar, ou seja, compartilhar novamente. O dono do arquivo decidiu que não queria desfrutar sozinho dele e o ofereceu para todos.
Na vida real, compartilhar não é tão fácil. Quem tem algo bom, nem sempre deseja dividir e, quem quer compartilhar algum fardo, buscando alívio, não encontra quem queira.
A vida poderia ser mais agradável se os comportamentos reais fossem, ao menos semelhantes, aos virtuais. No Facebook as pessoas são atenciosas, visitam as páginas dos amigos várias vezes ao dia, mandam mensagem de otimismo, "cutucam", "curtem", mostram fotos pessoais, dividem os momentos de festa. Todos mantêm as "portas" de suas "casas virtuais" sempre abertas.
No mundo virtual todos querem compartilhar. E, isto, gera uma alegria e um conforto utópico, passageiro e irreal, porém, agradável. O efeito é tão prazeroso que os solitários passam dias e noites teclando com "amigos maquiados". Sim, maquiados! Porque, neste mundo imaginário, as pessoas não são iguais ao mundo real. Elas colocam a melhor foto, muitas vezes esteticamente modificadas pelas ferramentas habilidosas do fotoshop, como se desejassem esconder a identidade real.
Neste mundo, que chega a ser imaginário, as pessoas não têm medo de mostrar suas intimidades, expor os cômodos mais reservados de seus lares e mostrar tudo que fazem, sozinhos ou acompanhados. Tudo é permitido dentro de um universo colorido, preparado para atrair seus visitantes o maior tempo possível. A meta parece ser trazer todos de fora para viverem apenas dentro de algumas polegadas de uma tela de computador.
No facebook não existem "feios". E, se por acaso, a pessoa não se sair bem na foto, esta jamais será compartilhada. Neste mundo não há tímidos. Os adolescentes podem construir redes com milhares de amigos, mesmo que não tenham coragem de interagir pessoalmente com um só deles. Os maridos "postam" que amam suas esposas, embora, muitas vezes, chegam em casa mudos como se nem as conhecessem.
Se as pessoas compartilhassem mais no mundo real, os consultórios de psicologia, talvez, não recebessem tantos solitários desesperados por não ter com quem dividir a vida. Seria possível que diminuíssem muito as estatísticas de pessoas que buscam no suicídio o alívio de suas dores. Talvez elas pudessem compartilhar isto com um vizinho, um amigo, um parente.
As atitudes de compartilhamento praticadas no facebook não são entendidas como nocivas ou desnecessárias. Deixar esta prática apenas na utopia de um mundo virtual é que é digno de lamentação. Conclamem-se para as pessoas a fim de convencê-las a construírem redes reais de amigos e a compartilharem, também, aquilo que é palpável, visível, humano e duradouro.
Joacil Luis - Psicólogo - CRP 13/6160 contato: 83 8745 4396.
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ResponderExcluirConcordo plenamente Joacil,no facebook existe uma mascara de fingimento.
ResponderExcluirEXCELENTE!!! A tecnologia veio facilitar a vida do homem sem tempo. Sem tempo de rever amigos, de construir novas amizades, etc. Por isso trocamos costumes antigos, por metodologias irreais de relacionamento. Antes a carta era cuidadosamente escrita, pensada. Tínhamos o trabalho de reservar tempo de ir aos Correios postar, esperar dias para que chegasse, e ainda mais dias para obter a resposta. Hoje enviamos e-mails (isso quando não postamos apenas um "saudades!" na página do Facebook!) e recebemos e-mails automáticos como resposta.
ResponderExcluirOs relacionamentos virtuais são como comida enlatada, podem até "matar" a fome, mas não produzem energia nem dão a saúde que uma boa comida caseira oferece. Devemos priorizar o abraço, o sorriso, as gargalhadas, o olhar, o calor humano, A VIDA!
PARABÉNS PELO EXCELENTE TEXTO, TIO!
obrigado
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